terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Mais um ano

Início de ano letivo. Em várias revistas, voltadas para professores ou não, educação é o foco. Publicidade, tentando vender produtos e projetos milagrosos para nossas turmas. Altos investimentos em livros com moldes, modelos de uma educação, que nem sempre se encaixa na realidade das escolas brasileiras.
A diversidade está presente dentro de nossa rede municipal, nem precisamos abranger todo o Brasil para perceber que escolas, que salas de aula, possuem em seu interior diversas identidades. Temos mulheres, temos homens, temos brancos, temos negros, temos pobres, ricos, miseráveis. Tudo isso dentro de uma sala de aula.
A pergunta fica: o que e como fazer com essa diversidade?
A resposta teórica, várias pessoas já responderam. Trabalhar a diversidade; valorizar o espaço do aluno e sua realidade; atividades diferenciadas; planejamento adequado, que trabalhe a partir da realidade do aluno; e tantas outras respostas. Mas, sem querer menosprezar o nosso trabalho de professor, não podemos dar conta de tudo isso. E não conseguimos porque somos professores, somos “pais”, “mães”, “avós”, “médicos”, “psicólogos”, amigos, é tanta coisa que somos, que muitas vezes esquecemos de quem somos: seres humanos. Muitas vezes também precisávamos de um amigo, de um “médico” para curar as nossas aflições, de alguém para consolar e dizer que no fim conseguiremos. Entretanto, na maioria das vezes, estamos sendo vistos como “santos milagreiros” e esquecem que também somos seres humanos e que também possuímos nossos problemas. E quem irá nos ajudar a superá-los?
Parte disso, é culpa nossa, que sempre buscamos resolver o problema de nossos alunos, deixando as nossas angústias para serem resolvidas depois. Sala de aula sempre prioridade. Embora nem todas as publicações reconheçam isso, afinal, quantas já lemos que afirmam que o professor coloca sempre a culpa na família, que não assume a sua parcela de culpa e por aí vai. Generalizam a educação.
E nós que fazemos nosso trabalho?
Quem nos defende?
Ou melhor, quem nos ouve e nos dá a chance de esclarecer as nossas posições?
É, início de ano letivo. Mais um ano em busca de respostas para tantos questionamentos. Mais um ano de trabalho duro, com reconhecimento de poucos. Mais um ano... Graças a Deus!!! Ainda não desistimos!!!

domingo, 25 de janeiro de 2009


Sensação ímpar de caminhar entre os raios de sol, sentindo a brisa da manhã, o odor de eucalipto que se espalha pela estrada, as folhas secas que caem no solo...

Como eu queria estar no "meio do nada" apenas para pensar...

Aprovações

Lá no fundo de nosso subconsciente buscamos aprovação das pessoas que estão ao nosso redor. Por vezes queremos em fazer algo de nossas vidas, mas paramos ao pensar no que pode acontecer. Esse parar para pensar no que pode acontecer, pode ser na verdade, uma parada para se perguntar inconscientemente: O que irão pensar?
Nem sempre isso acontece, não irei aqui generalizar nossos sentimentos e metas apenas na aprovação de outras pessoas, mas acredito que na maior parte do tempo, estamos sim, pensando nessa aprovação.
“Se fizermos isso direito, o chefe vai gostar”;”Se eu colocar essa roupa, o carinha vai me olhar”; “Se eu for com esse tênis, não poderei ir em tal lugar”. Essas frases estão encobrindo uma reprodução de padrões que a sociedade capitalista impõe, onde somos levados a consumir cada vez mais, sem termos certeza de que precisamos de tudo o que usamos ou de tudo o que compramos. “Precisamos” ser aceitos nessa sociedade e para isso combinamos que o melhor é seguir os seus padrões.
Combinamos?
Não me lembro de ter feito tal acordo, mas lembro-me das vezes em que alguém olhou torto por estar vestida de forma diferente das demais pessoas ou então, quem nunca entrou em uma loja e teve o vendedor analisando de longe se você era um possível comprador?
Aprovações ou reprovações à parte, o difícil mesmo é você, mesmo sabendo das imposições do mundo ao redor, romper com esses padrões e seguir a sua vida, sem sofrer influencias desastrosas no seu modo de viver. Influencias sempre iremos receber e já que teremos que recebê-las, que sejam boas,muito boas!

Dia de Chuva

Olho a chuva. Que não para nessa cidade. Eu gosto de chuva, enquanto tantos gostam de sol. Eu gosto de admirar os pingos que caem vagarosamente, escorrendo nas folhas de árvores, em pétalas de rosas. Uma melancolia me abate nesses dias de chuva. Faz-me pensar nos dias de sol. Tanta coisa para fazer enquanto a chuva não vem, vamos na correria, fazendo um trabalho de formigas, preparando nossa casa para os dias chuvosos. Esse trabalho não nos deixa parar para pensar na vida, pensar à toa.
Já com a chuva, presos em casa, podemos pensar à toa, pensar em nada ou pensar em tudo.
Já não há correria, há sossego.
Já não há a vontade de não abraçar, pois está calor. Há a vontade de ficar cada vez mais próximo do outro, pois há frio.
Com a chuva, ficamos mais próximos talvez. Olhamos mais para o outro, já que não há muita coisa para olhar, a não ser os pingos que caem esplendorosos ou o embaçado da janela. Assim enxergamos o outro. Por isso eu gosto da chuva, gosto de ver as pessoas que passam, as pessoas que ficam...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Autoridade dos pais

Certa vez, ouvi de uma mãe a seguinte frase: “ Ele não me obedece, só obedece ao pai”. De outra escutei que só era ouvida quando batia e que ela não sabia bater, quando batia o fazia até machucar mesmo. E várias outras frases semelhantes em curto tempo de magistério. Fiquei perplexa e ainda fico quando ouço afirmações desse tipo. Os próprios pais e responsáveis estão negando a posição de autoridade sobre seus filhos. Estes sem limites acabam por sufocar os pais, implorando por um NÃO, por um BASTA! Observando bem de perto esses casos, vejo famílias estruturadas de forma diferente das famílias de outrora. Se antes havia um familiar responsável pelos cuidados com a criança, hoje essa figura é quase ausente. As mudanças na sociedade fizeram com que os pais tentassem não reproduzir a época de repressão que sofreram por seus progenitores e com isso acabaram, em sua maioria, gerando situação extrema de abandono. Abandono. Pode parecer ser uma palavra forte, entretanto, é o que aparenta ao vermos pais e responsáveis que nem os nomes dos professores de seus filhos sabem. Será que sabem o nome do melhor amigo de seus filhos? Esses pais são vítimas de uma sociedade que alega não ter tempo para nada, nem para instruir-se sobre as necessidades de seus filhos. Mas espere aí, o dia não continua tendo 24h? Sendo assim, os pais ao perceberem que estão ausentes na vida familiar buscam aproximação de seus filhos por meio de concessões com estes. Querem conquistar espaço, aprovação e respeito dos filhos. Procuram então negociar situações, algumas nem sempre devem ser negociadas. O escovar os dentes e o tomar banho Por exemplo. Coisas simples, que podem ter consequências graves depois. As crianças, por fim, aprendem a chantagear os pais. “Dê-me isso, que eu faço aquilo!” E dessa maneira, vamos formando adultos que serão ativos em sociedade. Preste atenção, disse adultos, infelizmente, nem sempre cidadãos, se formos ver o real conceito de cidadão. Mas não se deixe enganar, esse “ativos” não significa que irão ser críticos e agirão corretamente. Dessa falta de limite e negociação de “inegociáveis” podem estar se produzindo, em grande escala, adultos consumistas, individualistas, com autoestima baixa, corruptos (pois aprenderam a negociar “inegociáveis”), desonestos e poucos, muitos poucos conseguirão ultrapassar os obstáculos colocados por seus pais e alcançarão uma vida feliz e com sólidos valores. O que fazer diante desse quadro? Talvez a solução seja mais simples do que parece aos nossos olhos. Diga não. Diga não a tudo o que você refletir e detectar que não é o correto para seu filho. Não se comova com lágrimas, com caras feias, com “gelo”, fique firme em sua posição, porque eles tentarão a todo custo removê-la, contudo firme-se com uma rocha e acredite: UM DIA, ELES IRÃO AGRADECER! E se não agradecerem a tempo de você ver (afinal, as pessoas se vão mais rápido do que pensamos), pense que está com a consciencia tranquila, pois você fez o seu papel e agiu buscando sempre o melhor.Por tudo isso, não esqueça nunca que você deve mostrar para seus filhos que você é a autoridade do local: sua casa!

Tapete de Retalhos

Havia começado há um tempo atrás, um tapete de retalhos que nunca conseguia tempo de terminá-lo. Aventurava-me em alguns pontos e não conseguia ir em frente.
Árdua tarefa essa. Começar e parar, começar e parar e assim ia seguindo. Adiando a conclusão.
Ontem eu terminei o trabalho de forma honrosa.
Arrumei as coisas que tinha para arrumar, sentei no sofá que depusera no meu quarto e decidi-me. Só saia dali com meu tapete de retalhos.
Sofá duro, de madeira, sem encosto almofadado. Gritei para meu querido irmão que pegasse uma almofada. Sabia que se eu levantasse de meu lugar, não voltaria nem tão cedo. Ele trouxe, acomodei-me e iniciei.
Pega retalho dali, escolhe o rolo daqui, combina cores fortes para dar um efeito legal. Pronto, era só reiniciar o trabalho!
Pega a ponta do retalho, passa por dentro de um outro ponto, puxa o pano, entra aqui a agulha, passa por ali... Ainda bem que não ensino ninguém a fazer tapetes, as vezes eu me perdia, nem lembrava mais como fazer, mas conseguia.
O tapete foi crescendo e com ele a vontade de terminar e começar outro. Com ele também veio a lembrança de uma história lida em tempos de PROFA: a moça tecelã.
Eu já havia me encantado com essa história antes, em um livro antigo, do meu ensino primário. Mas no curso, foi possível ouvir duas vezes, isso mesmo, as duas formadoras contaram essa história. Belas performances! Apaixonei-me ainda mais pela história e enquanto eu ia tecendo o meu tapete, fui-me imaginando uma moça tecelã.
Ah, como seria bom! Tecer meus castelos, meus sonhos, meu amado perto de mim, esperando lógico não tecer um amado ganancioso, como o da história contada.
Bom, assim imaginando fui, quando de repente, puxei o rolo e cadê? Os retalhos se findaram e com eles, eu concluo meu trabalho. Estava pronto meu tapete de retalhos.
Olhei para a minha obra e vi que eu bem que poderia ser a moça tecelã. Só que para realizar meus sonhos, bastaria buscar outros caminhos. Pensei também, com meus botões, que vários desses sonhos já foram alcançados.
Sonhos possíveis, porque de nada adianta eu sonhar com algo que seja inalcançável. Sonhei alto, mas na altura onde eu pudesse encontrar a escada certa para subir. Estou no emprego que eu quero, estudei o que eu queria, até algo simples, meu tapete, considero um sonho realizado. Uma simples meta alcançada.
Agora tenho apenas que sonhar. E com a escada certa, ver meu sonho se realizar.
Partirei acho para meu segundo tapete.